25.9.12

Continuando...

Demorámos 2 dias a chegar à primeira reserva nacional onde finalmente pudemos descansar numa caminha e não numa cadeira de avião ou num aeroporto. O menos bom da estafa até chegar à Tanzânia foram mesmo as 6 horas que ficámos em escala no aeroporto de Nairobi à espera de um voo para o Kilimanjaro, quando ainda estávamos a meio da nossa noite no horário de Portugal. Os bancos estavam dispostos de forma em que não nos conseguíamos deitar e estávamos todos quase à estalada. Eu por mim falo, era só alguém dirigir-me palavra que eu rosnava. Se as meninas me tocavam, desintegrava-me. Estava insuportável. Não tinha dormido e eu transformo-me num pequeno bebé com cólicas quando não durmo. Além disso vinha com a gravidade toda alterada e sentia-me em alto mar. Apesar de estar em terra firme ainda vinha com a sensação de turbulência dos voos e era como se tudo se mexesse à minha volta. Isto agudizava todo o meu mau feitio.

A Joana estava a armar-se em fortalhona e também não tinha pregado olho e nós insistíamos para que tentasse dormir mas ela rabujava que estava fresca e óptima e ó mãe, não preciso de dormir, vou mas é ler um livro, fazer um desenho, construir uma ponte, fazer um pino, uma roda, um pino-roda, ó que fresca que eu estou, sou crescida e aguento directas... mas uns dias depois andava meia alucinada a dizer que se julgava num sonho, que ouvia as nossas vozes ao longe, que parecia que estava a observar-nos de cima e mais uns quantos non-senses do género e eu pude finalmente dizer a frase que as mães  tanto gostam de dizer: eu bem te avisei...

Tínhamos vários dias inteiros de safari pela frente. As saídas eram bem cedo e o regresso ao fim do dia. Os almoços eram piqueniques no jeep ou onde não havia animais ferozes à espreita e chegávamos ao jantar em hipoglicémia. Mas cheios de tantas imagens maravilhosas.

O primeiro sítio onde estivemos, o Lake Manyara deslumbrou pela vista para a imensidão. O lago lá em baixo e toda a planície circundante já cheirava à África que eu recordava e de que tinha tantas saudades. Neste sítio vimos centenas de babuínos, e outros macacos, de rabo azul, de rabo cor-de-rosa, de rabo em carne viva etc. Apetecia-me ficar horas a contemplá-los. Parecem pessoas e identifiquei-me particularmente com os que estavam a catar piolhos aos seus filhos. Só não os ponho na boca como eles, mas de resto senti uma verdadeira empatia. Até lhes disse: eu sei, eu sei o calvário que isso é, eu sei, eu sinto a vossa dor.

Esta zona costuma ter muitos leões e leoas pendurados a descansar nas copas das árvores, mas não tivemos sorte de os ver. Ainda. Mas vimos zebras, elefantes, sempre com vários bebés na manada, muitas girafas, que parece que galopam em câmara lenta, hipopótamos, gazelas, gnus, etc, ficámos de barriga cheia. As meninas estavam em êxtase, queriam ver tudo, fotografar tudo, assinalar tudo na sua listinha de animais. O lodge onde ficámos tinha uma atmosfera muito africana, a comida era óptima e dormimos que nem uns anjinhos. Caímos para o lado, será melhor dizer.  O dia tinha sido 5 estrelas. No dia seguinte tínhamos uma viagem de jeep de  7 horas até ao Serengeti. A savana africana no seu melhor. As expectativas eram altíssimas, já que Masai Mara no lado queniano me tinha deixado sem palavras.

E fez jus às expectativas. Só se dispensava umas "moscas" que por lá andavam. Mas conto-vos tudo outro dia.

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