29.5.09

Ando com pouca vontade de escrever

porque ando com um nó no estômago com tudo o que tenho visto sobre a menina que foi para a Rússia. Até me custa vir aqui contar novidades, ou desabafar sobre a Joana que anda mal-comportada na escola ou sobre a Rita que continua com tosse e que vai ter que repetir um Rx aos pulmões. Porque a Alexandra não me sai da cabeça.

Já vi muitas imagens revoltantes, mas ontem quando vi o terror nos olhos dela quando ainda estava dentro do carro prestes a ser entregue à Segurança Social, fiquei transtornada. Era um sofrimento tão profundo que até doía cá dentro. E o olhar dela vazio quando é impelida a dar um beijo a uma Avó que não conhece. Uma "mãe" que bebe cerveja ao pequeno-almoço e que só pode estar alcoolizada para lhe dar aqueles tabefes em frente à televisão. A cama dela por cima do forno. A ausência de afectos.

É tão mau tão mau. O que sentirá ela, à noite quando vai dormir e sente a dor da saudade? Como é que se faz uma coisa destas a uma criança? Se ainda conseguíssemos sentir que esta nova mãe estava decidida em lhe dar um lar, (como tudo o que isso implica, e não apenas as quatro paredes), que seria capaz de a compensar afectivamente de forma a diluir a dor que a menina sente por ver a sua vida a desabar, mas vemos exactamente o contrário.

O pior é a sensação de impotência e saber que esta decisão é irreversível. E que vai ser mais uma criança disfuncional neste mundo, rodeada de crueldade e falta de amor.

28.5.09

Imprescindível


para quem tem miúdos que anseiam pela festa de anos do próximo ano, logo no dia a seguir à sua festa de anos deste ano. Tem muitos espaços dos quais nunca tinha ouvido falar e que me parecem bem engraçados para todo o tipo de festas e para todo o tipo de bolsos. Inverno ou Verão, há ideias para todos os gostos. E como eles próprios escrevem "este guia não é uma lista.(...) Este guia diz tudo o que lhe interessa. (...) Tudo para que não tenha de voltar a temer o dia de aniversário do seu filho, como já aconteceu. (...)". A não perder.

26.5.09

Hoje entrei para as estatísticas

da malta com colesterol alto. E estou chateada. Porque me vou ter que privar de todas aquelas coisas que gosto de comer. Principalmente às 23h que é quando o meu corpo pede uma ceia jeitosa. Ver a Oprah ou uma série engraçada sem uma tijela de chantili ou um petit gateau do Pingo Doce (que só precisa de um aquecimento de 48 segundos no micro-ondas e fica pronto a devorar), não faz sentido. O corpo pede e eu dou. Se não dou, metade do gozo do descanso vai pelo cano a baixo porque em vez de estar a ver televisão ou a ler qualquer coisa descansada, estou a pensar numa torradinha cheia de manteiga ou marmelada.

Hoje fui ao supermercado e aventurei-me no mundo dos produtos que prometem baixar o colesterol. Assustei-me com os preços e acabei por trazer só um pacotinho de Becel. Ao almoço lá me preparei para me lambuzar com umas fatias de pão com creme vegetal mas entrei em estado de choque. Além de não ter sal, não tem sabor. Minha querida manteiga... Mas vou insistir, pode ser que me habitue. Porque o ser humano felizmente ou infelizmente tem esta capacidade de se conformar.

Além disso, dizem que o desporto também faz bem. Acho que é desta que vou começar a dar uso ao trambolho cá de casa.

Até ao Verão tenho que despachar este problema, porque o Brasil espera-me. E Brasil sem 4 tapiocas por dia, não é Brasil. Mesmo que depois tenha que regressar à Becel.

22.5.09

No fim-de-semana passado

Marvão (lindo!), Castelo de Vide, Elvas e arredores. Parámos perto da Barragem da Póvoa com um espaço fantástico para eles brincarem, correrem, andarem de bicicleta com a Ribeira de Nisa como paisagem e com muitas cegonhas a planarem por ali. Melhor spot do fim-de-semana.

Em Arronches vimos pinturas rupestres, bonecos pintados em rochas com tinta cor de ferrugem que já ali estão há muito muito tempo. Muitas ruas e ruelas, casinhas caiadas, muito sol, óptimos banquetes a preços muito acessíveis, já que as doses no Alentejo são sempre generosas. Ainda passámos perto de Évora para fazer o percurso megalítico da zona: o
Cromeleque dos Almendres, as Antas e um Menir.

Um passeio que se faz lindamente saindo de Lisboa só no sábado de manhã e voltando domingo ao fim do dia. Para festejar os meus aninhos, claro está que não podia deixar de ir laurear a pevide.

21.5.09

A minha Mãe

surpreende-me sempre com os arranjos de flores mais lindos do mundo!

19.5.09

A casa foi invadida pelo marido.

É o que dá usar a mesma password há 300 anos e andar a pedir cartinhas de amor daquelas que ele me escrevia antigamente (tão velhos que nós estamos ahahah). Só vi a surpresa ontem à noite quando regressei da casa dos meus pais, depois da festarola e vi na minha caixa de emails alguns comentários emocionados a algo que eu não tinha escrito.

Gostei tanto. Conhece-me tão bem.
E descreve-me ainda melhor. Quem tem um marido assim, tem tudo.

18.5.09

33 (Surpresa do Nuno)

Trinta e três. Conhecemo-nos com metade da idade que tens agora. Sempre viva, alegre e luminosa. Como um sol...mas mais intensa. Como um arco-íris...mas mais colorida. Para ti tudo só faz sentido se verdadeiramente vivido. Sem meios-termos. Ou é bom ou é mau. Ou faz rir ou é chato. Não consegues viver doutra forma que não seja naquele limbo entre o exagero e o desespero. Por isso és tão exigente para com a Vida e por isso enches a nossa de cor e entusiasmo. A minha e a das nossas filhas. Que não podiam ter melhor mãe... pela tua entrega e pela cor que dás à vida delas. E como dás... tudo nelas é teu (à excepção dos olhos e narizes)! Os ganchinhos, as pinturas, as comidas, os gritos, a televisão, as roupinhas, os pormenores, as birras, a meiguice...enfim, tudo o que lhes dás...E para isso só precisas de duas coisas. Dormir...que é o alimento da tua vida. E comer...que é o que sossega o teu corpinho. Que não te tirem nem um nem outro...! Ou então que te tirem, mas que não se aproximem. Já lá vão muitos anos juntos e é incrível ver o tempo a passar... Mais velhos, mais chatos, mais pais, mais...unos. O resto é conversa...

Diga lá: trinta e três.

Hoje foi o Nuno que as levou à escola e pude tomar um banho com calma, pôr os cremes todos que não ponho o resto do ano e vestir-me sem ter a Rita a pôr desodorizante nas orelhas e nos dedos dos pés. Mas depois exagerei no tratamento especial. Vi a balança ali ao pé e pesei-me. Um gritinho de horror e guardei-a bem escondida, nem a quero ver.

Nunca estive tão pesada, sem estar grávida. Nem digo gorda, porque cai-me tudo em cima, mas realmente o corpo já não é o que era. Apesar de não fazer nenhumas restrições aos meus banquetes fora de horas, noto que a comida já não se aloja nos cotovelos ou nas plantas dos pés e fica ali mesmo pela barriga. E eu como mesmo muito. E não sei o que é isso de não comer tudo o que me apetece. Não sei viver de outra maneira.

Mas enfim, hoje faço anos, vou almoçar fora e não quero saber, vou comer o pão todo do couvert como é meu hábito e mandar vir mais logo a seguir. Vou jantar repimpada e trazer para casa o bolo de anos que sobrar. E nem vou falar dos cabelos brancos que vieram fazer companhia ao outro desalinhado que descobri o ano passado por esta altura. Pode ser que com 33 anos me emancipe e comece a fazer as tais nuances que a minha cabeleireira me impinge há anos.

Mas as minhas filhas acham que ainda sou nova para dar cambalhotas naquelas barras de metal, em cima da cama e debaixo de água. E portanto, hoje nada me preocupa. Amanhã logo começo a dieta.

13.5.09

Há uns dias

encontrei a Joana chorosa no recreio porque tinha feridas debaixo da maior parte das unhas das mãos. Que tinha andado a subir à árvore e que se deve ter arranhado toda. Olhei para as unhas e achei estranhíssimo, mas ok, estavam vermelhas por baixo com o que parecia um cortezinho fininho. Não pude ver como deve ser, porque já em alvoroço com a ideia que tinha os dedos todos cortados, nem me deixou olhar para os dedos com olhos de ver.

Chegadas ao carro, suplicou-me que lhe tapasse cada dedo com um penso. Porque com elas é assim, não há mal que não se cure com um penso. Apaga a dor da ferida e da alma e acalma as hostes. E a Joana é perita em fitas. Qualquer coisa deste género dá lugar a uma choradeira monumental, parece uma sirene de uma ambulância e às vezes só apetece abaná-la para a tirar do transe da fita.


No carro, lá tinha eu daqueles pensos que se compram nos semáforos e para não a ter que ouvir, cobri um a um cada dedinho. Achei estranho mesmo assim a fita não estar a ser maior. Parecia uma tontinha com os dedos cobertos de pensos só nas pontas mas lá fomos à nossa vida.

Passadas horas, horas! naquela figura e em conversa banal, pediu-me para adivinhar que cor de plasticina tinha estado a moldar nesse dia. (gosta sempre de me fazer estes quizz's. Sem pistas lá tenho eu que dizer várias hipóteses até acertar). Mas nesse dia não tive que ir muito longe. Parei, juntei 1+1 e disse-lhe: Não me digas que foi plasticina vermelha.

E foi. O risquinho de sangue que se vislumbrava debaixo das unhas. Pois. Era plasticina. Bem eu achava que a fita até estava a ser mais pequena do que é costume para feridas em quase todos os dedos. E não foi ela que me tentou enganar, ela pensava mesmo que se tinha aleijado. Em minha defesa friso que não pude vislumbrar as unhas por mais do que 2 segundos e assim com ela aos saltinhos, a gemer de dor que afinal não existia e com as mãos a mexer muito para eu não lhes poder tocar. Só para que conste.

11.5.09

O Nuno é teimoso.

Eu também. Quando mete uma coisa na cabeça é para ser feita. Eu já nem por isso. Tenho o defeito de só ser muito perseverante em algumas coisas, não em todas. E de ser selectiva na teimosia. Mas isto não é sobre mim. É sobre ele, que ontem se superou.

Quando ouvi pela primeira vez que estava a pensar correr uma maratona, saltaram-me logo as garras para fora, que nem pensar, que ai o teu coração, que ai ainda te explode para aí uma artéria na cabeça, que não, olha que tens duas filhas, que não quero ficar viúva tão cedo e que vá lá não te metas nisso, deixa lá essas coisas para os quenianos.


Mas é teimoso, já disse? E portanto sossegou-me que ia ter cuidado, que ia monotorizar o coração e que se não se sentisse bem que parava. Até ontem o máximo que tinha corrido tinham sido 25 quilómetros no fim-de-semana anterior no Alentejo e no fim acabou "esquisito". Esquisito para mim faz-me logo lembrar falta de sangue para pulsar o coração, ou uma bolha latejante na cabeça prestes a explodir, ou uma pessoa muito pálida a cair para o lado com um baque qualquer. Enfim, achei que era de loucos, mas que apesar de tudo, ele estava em forma e portanto não duvidava que ele conseguisse.
Passadas quatro horas em casa achei que se não tinha desistido até essa altura, ia conseguir terminar. Peguei nas miúdas e fomos para a meta. Gritar pelo nosso paizão campeão e pelo tio Ricardo que merecia uma grande trolitada na cabeça por nos meter em apuros como estes. Muito gostam eles de desafios. Chatos.

Ainda vinha a uns 500 metros quando reconheci o vermelho da camisola, a silhueta, o mano velho ao lado. Inteirinho e a arrastar-se. Surpreendido quando nos viu, emocionado posso dizer. Conseguiu. E nós batemos muitas palmas e ficámos muito orgulhosas do nosso Nuninho. E esperamos que não se meta noutra tão cedo e que arranjem desafios mais caseiros, mais interessantes tipo ver quem consegue lavar a louça mais depressa ou quem consegue durante um mês baixar o tampo da sanita mais vezes. Isso sim, são desafios admiráveis. Quais maratonas...

7.5.09

Esta semana

tenho andado atrapalhada com trabalhos com prazos mais apertados por isso ainda nem tive oportunidade de me babar um bocadinho com os presentes de Dia da Mãe que recebi das meninas.

Foram duas manhãs com festinha na sala de cada uma, com surpresas, trabalhinhos e muito mimo. A Joana andava em pulgas e da boquinha dela nada saiu para estragar a surpresa. A Rita andava meia baralhada com tantos dias da Mãe, mas adorou ter-me lá a participar numa aula de música.

Da Rita recebi um quadro lindo e cor-de-rosa com os seus pezinhos pintados. Que pezinhos tão grandes, achei eu. Porque no dia-a-dia não se repara nessas coisas e só nos apercebemos que cresceram quando já não cabem no sapato. Cantámos músicas, uma dedicada à Mãe e tocámos instrumentos. A nós calhou-nos a pandeireta. No fim ficou um coro de partir o coração de meninos lavados em lágrimas ao verem as suas mãe a virem embora.

Da Joana recebi um maravilhoso livro com receitas pedidas misteriosamente pela educadora a cada mãe há algumas semanas atrás. Ainda fiquei a saber que na sua cabeça o meu prato preferido é carne com batata frita e que o prato que mais gosta que lhe cozinhe é douradinhos com massa. Ouvimos um texto declamado por cada um com frases sobre mães do género "uma mãe cheira sempre bem", "uma mãe gosta de vestidos novos", "uma mãe não gosta que os filhos estejam doentes e cura-os com beijinhos", "uma mãe não gosta que tragam reprimendas da escola" e "uma mãe gosta de ver os seus filhos a comerem legumes" (frase da Joana). Depois uma versão da Laurindinha vem à janela com a letra dedicada às mães, que eles cantaram com fervor e que nós acompanhámos com algum pudor, que as vozes de criança têm graça quando desafinadas mas as das mães nem por isso. : )

Do resto da semana posso destacar a borbulha gigante e em ferida na perna da Rita que a deixou à beira de um ataque de nervos. E a mim também. O que vale é que já teve varicela! E ainda um lindo espectáculo de se ver com a Joana e uma amiga à estalada no recreio com marcas das respectivas mãos na perna e costas de cada uma. O que vale é que hoje já é 6ª feira. Bom fim-de-semana.

4.5.09

Fim-de-semana


com calor sabe a férias. O ponto alto do fim-de-semana foi o fim de tarde quentinho em que nos sentámos à sombrinha a descascar favas que vieram directamente da horta. A mim transportou-me até à minha infância quando descascava os feijões que vinham do quintal da minha Avó e delirava sempre que, no meio da cores normais, aparecia um azul clarinho ou cor-de-rosa.

A prima Sofia teve as bruxinhas sempre à sua volta e dá gosto ver a alegria e o sorriso lindo que nos oferece a toda a hora. Com as primas abana tantos os bracinhos que parece que vai levantar voo.

Que o calorzinho venha para ficar.