29.5.09

Ando com pouca vontade de escrever

porque ando com um nó no estômago com tudo o que tenho visto sobre a menina que foi para a Rússia. Até me custa vir aqui contar novidades, ou desabafar sobre a Joana que anda mal-comportada na escola ou sobre a Rita que continua com tosse e que vai ter que repetir um Rx aos pulmões. Porque a Alexandra não me sai da cabeça.

Já vi muitas imagens revoltantes, mas ontem quando vi o terror nos olhos dela quando ainda estava dentro do carro prestes a ser entregue à Segurança Social, fiquei transtornada. Era um sofrimento tão profundo que até doía cá dentro. E o olhar dela vazio quando é impelida a dar um beijo a uma Avó que não conhece. Uma "mãe" que bebe cerveja ao pequeno-almoço e que só pode estar alcoolizada para lhe dar aqueles tabefes em frente à televisão. A cama dela por cima do forno. A ausência de afectos.

É tão mau tão mau. O que sentirá ela, à noite quando vai dormir e sente a dor da saudade? Como é que se faz uma coisa destas a uma criança? Se ainda conseguíssemos sentir que esta nova mãe estava decidida em lhe dar um lar, (como tudo o que isso implica, e não apenas as quatro paredes), que seria capaz de a compensar afectivamente de forma a diluir a dor que a menina sente por ver a sua vida a desabar, mas vemos exactamente o contrário.

O pior é a sensação de impotência e saber que esta decisão é irreversível. E que vai ser mais uma criança disfuncional neste mundo, rodeada de crueldade e falta de amor.

5 comentários:

Marta disse...

É de deixar, mesmo as pessoas menos sensíveis, de lágrima no olho.
:(

Anónimo disse...

Ainda ontem falávamos disso.
Não nas palmadas pq isso todas as mães acabam por dar. Mas no timing das mesmas; do olhar nada carinhoso da mãe (se nassim lhe podemos chamar)e de alguma raiva no olhar; de fazer aquilo á frente das camaras (o q será por trás delas) e tudo o resto. O pior é q não é só a Alexandra. É a x; a Y; a z; etc, etc, etc......e no fundo quem paga são as crianças que devem sentir um vazio; um terror; uma desorientação de ter dó!
Ainda bem q nós existimos e q apesar das palmadas e ralhetes temos uma característica que ninguém nos tira e da qual nos devemos orgulhar - somos mães de corpo e alma; q as amamos desmedidamente; q nos orgulhamos delas e de qq feito q elas façam; q guardamos todos os dentes e afins e q as tentamos proteger como se fossemos umas verdadeiras "leoas"!!!!!
Um bj gd amiga
Catarina

Lisa disse...

Oi Inês

tenho uma opnião muito distinta sobre esse caso, sabes porque ... porque se visitares o blogue

http://ajudaportugal.blogspot.com/

vais perceber que temos problemas bem mais graves de crianças portuguesas da qual como n tem um indice de mediatismo tao grande por parte da comunicação social, caem no esquecimento!!!

Não que não ache cruel o que fizeram a garota ... mas acho que Portugal tem que se preocupar primeiro com os seus!!!

beijinhos e bom fds

sara carvalho disse...

Também fico triste por ela e por todas as crianças que não têm uma mãe como nós somos, que dão tudo de tudo por elas...

Anónimo disse...

O nosso sistema de justiça não permitia que fosse tomada outra decisão. É muito triste. As leis têm que mudar para evitar estas situações. Mas não batam mais no juís que fez o que tinha de fazer.

Elsa