20.7.10

No outro dia

aquando do meu ataque patológico das arrumações dei com um email bem antigo em draft com o descritivo astrológico das miúdas. Hoje em dia já não ligo nada aos horóscopos, mas acho graça porque em relação às características pessoais, a maior parte das vezes os signos não anda muito ao lado.

Neste caso fiquei espantada como uma coisa tirada de um site qualquer, descreve as miúdas sem tirar nem pôr. Quem as conhece, vai ver como são certeiras estas frases que se seguem. Não editei nem cortei texto. Era tal e qual isto que vinha para cada uma delas.


A Rita é Peixes.
Ora a criança Peixes é sensível, afável e sonhadora. Certinho.

Os nativos de Peixes têm uma grande sensibilidade artística, especialmente nas áreas da pintura e da música. Na mouche. Quem conhece a Rita sabe que não há nada que lhe dê tanto prazer como pintar e dançar. E até podia gostar e não ter jeito. Mas foi feita para isto.

Como andam sempre com a cabeça nas nuvens é frequente que se esqueçam de algumas tarefas que lhe são delegadas. A distracção é um dos seus principais defeitos. Os pais desta criança têm de a proteger e conduzir, alertando-a para a realidade. Porque se se deixa influenciar por toda a gente, pode correr o risco de sofrer desilusões. Para já ainda não nos deparámos com este problema, mas prevejo uma adolescência mais animada que a da Joana.

A sua saúde é frágil, sendo o seu ponto fraco o sistema imunológico. Ahahah podiam falar no aparelho digestivo ou enxaquecas, mas nem aqui falharam.


A Joana é Aquário.
A criança Aquário é muito inteligente e curiosa. E perguntadeira.

A sua necessidade de espaço pode por vezes confundir-se com arrogância e antipatia, contudo não dispensa a companhia da família e dos amigos para passar momentos agradáveis. Tão mas tão certo.

Para esta criança, é muito difícil demonstrar aquilo que sente e não gosta que a agarrem, a beijem ou lhe dêem carinho em demasia.
É verdade, a Joana é mesmo mesmo assim. Afectuosa à sua maneira. Engana à primeira, só quem a conhece bem sabe como ela é meiguinha, sem ser expansiva.


Os pais deste nativo devem, acima de tudo, ter um papel de amigos e confidentes, conversando sobre todo o tipo de assuntos. Acho que vamos no bom caminho, conversamos muito. Mas parece que a idade dos porquês veio com uns aninhos de atraso. É uma canseira.

Na saúde, poderá ter tendência a partir os ossos, especialmente dos membros inferiores. Ahahahah é que nem comento!

Para verem os signos dos vossos filhos, espreitem aqui.

11.7.10

Escolhemos Amesterdão...


... para festejar os nossos 10 anos de casados, sem as meninas, três anos depois da última viagem a dois. Gosto de estar uns dias sem elas, apesar de 2 ou 3 dias chegarem perfeitamente para retemperar energias. Mas o facto de ter de viajar de avião sem elas, deixa-me super ansiosa. Como para mim o chegar sã e salva a terra é uma questão de sorte e de destino, tenho sempre medo de ir desta pra melhor e deixá-las orfãs. O lado racional, que quase não existe na minha pessoa, lá me consegue convencer que vai correr tudo bem e a vontade de descansar uns dias numa cidade linda é tão grande, que acabo por ceder. Mas acho que não consigo fazer mais do que uma viagem de duas horas e tal. E com o ipod nos ouvidos para não ouvir os barulhinhos que me angustiam.

E foi muito bom, passeámos muito, a cidade é linda muito descontraída e animada. Tem uma atmosfera muito jovem e alegre. Se calhar esta alegria toda também teve a ver com o facto de terem ganho ao Brasil. Estava tudo doido. Nós nem nos manifestámos para não levarmos uma galheta. E no fim acabámos por comprar um equipamento de futebol da Holanda para a futebolista cá de casa.

Come-se que é uma maravilha e somos muito bem recebidos em todo o lado. É um povo caloroso. Há bicicletas como eu nunca imaginei. Chega a ser ridículo. E eu sempre à beira de ser atropelada por uma, porque vêm de todos os lados, não fazem barulho e são aos magotes. Nunca vi nada assim. Andámos quilómetros e quilómetros a pé, que é assim que gostamos de ver as cidades, ainda fiz umas massagens aos pés e pernas numas chinesas milagrosas e fiquei como nova. Jantámos no restaurante do Jamie Oliver onde comi um risotto de cogumelos divinal.


Saudades das meninas, tive algumas, mas nada de muito palpitante. Sabia que estavam bem e que era pouco tempo. A Joana ficou com os tios e esteve lindamente. A Rita nas sete quintas com os avós. Não teve ponta de saudades tal era o ambiente mimoso à sua volta, mas depois quando voltámos aí é que foi chorar de saudades. Da avó. Durante alguns dias à hora de dormir era matemático. Queria a avó. Cheguei a vestir-me e a pegar nas chaves do carro já depois da meia noite a dizer que levava a casa da avó. Psicologia invertida que não funcionou que ela resolveu que queria a avó mas na caminha dela. Só para chatear.

Esta saladinha que está na foto era uma delícia. Alguém sabe como se gratina o queijo de cabra desta maneira. Ou seja, por dentro não fica derretido, fica tipo esfarelado. No microondas com o grill não é. Será na frigideira? E este queijo será camembert?

6.7.10

Os ataques de arrumação.

ou melhor dizendo, os ataques de parvoeira. Aparecem assim de repente. E tomam conta de mim.

Tenho os dois lados. Um lado mais relaxado do deixa a andar, uma arrumação mais superficial, aquela que chega para o dia-a-dia. E que já dá uma trabalheira mas que vai deixando rabinhos por todo o lado.

E depois tenho o lado da pancada, ultra arrumado, ultra-organizado que de vez em quando emerge lá de baixo e dá uma galheta no lado relaxado e impõe-se na minha vida. Quando isso acontece começa aqui em casa o furacão das arrumações a fundo, daquelas em que afio os lápis todos das miúdas, experimento tudo o que é caneta, escrutino todos os desenhos que fui guardando delas, deito metade deles para o lixo, experimento tudo o que são roupas e sapatos, tiro o migalhal que se foi acumulando nas gavetas dos talheres, deito fora tudo o que é amostra de cremes que fui guardando com a certeza que os ia usar, vou ao pormenor de fazer uma razia à gaveta das instruções dos electrodomésticos e deito metade fora, meto tudo o que é bonequinhos dos Kinder Surpresa e dos Happy Meal no lixo, ponho cortinados, tapetes, colchas, peluches, almofadas e capas de sofá na máquina e começo a notar a sujidade nos rodapés da cozinha e ando de joelhos a limpá-los.

Mas mais que importante do que limpar rodapés é o "deitar fora". Fico desvairada, encho sacos e mais sacos do lixo, arrependo-me amargamente mais tarde das coisas que pus no contentor enquanto estava fora de mim mas não me contenho. A casa fica umas toneladas mais leve. Há espaço nos armários. E a minha cabeça pode finalmente acalmar-se.

Ando com um desses ataques, para já ainda só psicológico, já que ainda não passei à acção, estou ainda na fase de constatação do caos mas sem forças para lutar com ele. Estou no limbo das limpezas de primavera (que me dão pelo menos 4 vezes por ano). O bichinho vai-se estendendo por todas as áreas da minha vida. Ainda agora olhei para o meu gmail e o vi cheio até à medula e surgiu uma urgência repentina de lhe fazer a limpeza completa. É uma luta interna para não apagar todos os mails que lá estão, porque acho sempre que aquele mail de 1995 ainda me pode ser útil para qualquer coisa.

E depois quando já tenho a casa minimamente arrumada a fundo, lembro-me que tenho um arrecadação. E lá vou eu passar umas boas horas nas catacumbas a deitar fora que é o que eu mais gosto de fazer. E a minha arrecadação caótica transforma-se numa arrecadação minimalista.

E depois lembro-me que tenho um carro. Cheio de papelinhos de cromos no chão.