Texto retirado do Editorial da revista "Pais e Filhos" de Maio.
"Os filhos dos outros são normalmente muito mais barulhentos, muito mais malcriados, quase nunca tão espertos nem tão engraçados e fazem sempre maiores e piores disparates que os nossos. O mal nem sempre está neles, mas nos pais, que os educam ou não os amam o suficiente, que os deixam à solta sem impor regras de espécie nenhuma (...)
Temos, por isso, esta estranha mania de achar que, se fossem nossos, não eram assim. Por uma razão ou por outra, acreditamos que a nossa fórmula é muito mais eficaz e que, sujeitos às nossas imposições, às nossas regras, aos nossos gostos e aos nossos princípios, os filhos dos outros seriam muito melhores. Mais educados, mais engraçados, mais espertos (...)
Aos nossos olhos, e estranhamente contrária àquela inveja tão portuguesa de achar que "a da vizinha é sempre melhor do que a minha", os filhos dos outros pecam constantemente, por defeito ou por excesso, ficando aquém ou além daquilo que achamos ser certo. (...)
O mais curioso é que não se trata de um julgamento puramente objectivo. Não é bem uma comparação entre os nossos filhos e os filhos dos outros aquilo que fazemos, não é um sentimento de superioridade que no move na crítica, mas muito mais a sensação de nos acharmos, supostamente, mais competentes do que os outros pais. (...)
Ao aplicar aos filhos dos outros as teorias que, supostamente, achamos correctas, temos sempre sucesso. Precisamente, porque tudo não passa de teoria. O exercício esgota-se ali, no julgamento, na suposição, na certeza do " se fosse meu filho, não era assim". Os filhos dos outros (...), servem-nos às mil maravilhas para disfarçarmos inquietação de saber que não temos, nunca teremos, filhos perfeitos. A inquietação de sentir que não somos, nunca seremos, uns pais perfeitos."
Temos mesmo a mania...
"Os filhos dos outros são normalmente muito mais barulhentos, muito mais malcriados, quase nunca tão espertos nem tão engraçados e fazem sempre maiores e piores disparates que os nossos. O mal nem sempre está neles, mas nos pais, que os educam ou não os amam o suficiente, que os deixam à solta sem impor regras de espécie nenhuma (...)
Temos, por isso, esta estranha mania de achar que, se fossem nossos, não eram assim. Por uma razão ou por outra, acreditamos que a nossa fórmula é muito mais eficaz e que, sujeitos às nossas imposições, às nossas regras, aos nossos gostos e aos nossos princípios, os filhos dos outros seriam muito melhores. Mais educados, mais engraçados, mais espertos (...)
Aos nossos olhos, e estranhamente contrária àquela inveja tão portuguesa de achar que "a da vizinha é sempre melhor do que a minha", os filhos dos outros pecam constantemente, por defeito ou por excesso, ficando aquém ou além daquilo que achamos ser certo. (...)
O mais curioso é que não se trata de um julgamento puramente objectivo. Não é bem uma comparação entre os nossos filhos e os filhos dos outros aquilo que fazemos, não é um sentimento de superioridade que no move na crítica, mas muito mais a sensação de nos acharmos, supostamente, mais competentes do que os outros pais. (...)
Ao aplicar aos filhos dos outros as teorias que, supostamente, achamos correctas, temos sempre sucesso. Precisamente, porque tudo não passa de teoria. O exercício esgota-se ali, no julgamento, na suposição, na certeza do " se fosse meu filho, não era assim". Os filhos dos outros (...), servem-nos às mil maravilhas para disfarçarmos inquietação de saber que não temos, nunca teremos, filhos perfeitos. A inquietação de sentir que não somos, nunca seremos, uns pais perfeitos."
Temos mesmo a mania...
4 comentários:
É mesmo assim...
Mas pior do que os pais, são aqueles amigos que ainda não têm filhos!
Esses ainda acham mais que seriam mais competentes do que qualquer, que os outros não sabem educar e quando forem os filhos deles é que vai ser! ;)
:*
verdade, verdadinha, muito embora eu agora esteja a passar aquela fase em que acho que o meu filho é sempre "pior" que os outros todos, mesmo que depois eu venha a verificar que há muiiiiiito piores que ele :)
pois é...infelizmente caimos nesse erro e eu já caí algumas vezes...bastantes vezes :(( e especialmente com as minhas sobrinhas. Se calhar nalguns aspectos até poderia funcionar mas noutros não funcionaria com certeza! Enfim, as crianças são crianças, os pais pais são e no fundo temos é que fazer o melhor pelos nossos filhos, e olhem...os filhos dos outros,os pais que se amanhem!
Bjs
Catarina
Também li este artigo e enfiei a carapuça... :-) Acho que somos todos mesmo um bocadinho assim. Eu ainda era mais quando não tinha filhos, quem os tem faz diferença e finalmente percebe que as coisas não são bem assim. Cá vem mais uma vez o velho ditado 'pela boca morre o peixe'. Mas fico feliz de ter mudado e de hoje em dia, não criticar e dizer quase sempre que cada um é que sabe o que faz e claro que vai ter que arcar com as consequências.
Beijinhos
Passei aqui por acaso e gostei. Continua
Sílvia
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