6.7.10

Os ataques de arrumação.

ou melhor dizendo, os ataques de parvoeira. Aparecem assim de repente. E tomam conta de mim.

Tenho os dois lados. Um lado mais relaxado do deixa a andar, uma arrumação mais superficial, aquela que chega para o dia-a-dia. E que já dá uma trabalheira mas que vai deixando rabinhos por todo o lado.

E depois tenho o lado da pancada, ultra arrumado, ultra-organizado que de vez em quando emerge lá de baixo e dá uma galheta no lado relaxado e impõe-se na minha vida. Quando isso acontece começa aqui em casa o furacão das arrumações a fundo, daquelas em que afio os lápis todos das miúdas, experimento tudo o que é caneta, escrutino todos os desenhos que fui guardando delas, deito metade deles para o lixo, experimento tudo o que são roupas e sapatos, tiro o migalhal que se foi acumulando nas gavetas dos talheres, deito fora tudo o que é amostra de cremes que fui guardando com a certeza que os ia usar, vou ao pormenor de fazer uma razia à gaveta das instruções dos electrodomésticos e deito metade fora, meto tudo o que é bonequinhos dos Kinder Surpresa e dos Happy Meal no lixo, ponho cortinados, tapetes, colchas, peluches, almofadas e capas de sofá na máquina e começo a notar a sujidade nos rodapés da cozinha e ando de joelhos a limpá-los.

Mas mais que importante do que limpar rodapés é o "deitar fora". Fico desvairada, encho sacos e mais sacos do lixo, arrependo-me amargamente mais tarde das coisas que pus no contentor enquanto estava fora de mim mas não me contenho. A casa fica umas toneladas mais leve. Há espaço nos armários. E a minha cabeça pode finalmente acalmar-se.

Ando com um desses ataques, para já ainda só psicológico, já que ainda não passei à acção, estou ainda na fase de constatação do caos mas sem forças para lutar com ele. Estou no limbo das limpezas de primavera (que me dão pelo menos 4 vezes por ano). O bichinho vai-se estendendo por todas as áreas da minha vida. Ainda agora olhei para o meu gmail e o vi cheio até à medula e surgiu uma urgência repentina de lhe fazer a limpeza completa. É uma luta interna para não apagar todos os mails que lá estão, porque acho sempre que aquele mail de 1995 ainda me pode ser útil para qualquer coisa.

E depois quando já tenho a casa minimamente arrumada a fundo, lembro-me que tenho um arrecadação. E lá vou eu passar umas boas horas nas catacumbas a deitar fora que é o que eu mais gosto de fazer. E a minha arrecadação caótica transforma-se numa arrecadação minimalista.

E depois lembro-me que tenho um carro. Cheio de papelinhos de cromos no chão.

9 comentários:

Anónimo disse...

É impressionante o bem que isso nos faz. Eu também tenho ataques desses aí duas vezes por ano. E como temos sempre colaboradores incansáveis a produzirem lixo, os ímpetos de carro vassoura andam sempre satisfeitos. Com índices de produtividade mesmo fantásticos.
O Chapéu da kleenex

Teresa disse...

a mim também me acontece... mas raramente infelizmente... tenho a casa a rebentar pelas costuras :)
A tua descrição do gmail senti-o igual a mim... bolas mas porque é que eu guardo tudo???
jinhos

Catarina Trindade disse...

Foi só rir poorque a semana passada deu-me um ataque desses em que afiei lápis, aspirei gavetas, experimentei canetas e deitei fora tudo o q era kinder surpresa e afins....
No final queimei calorias e senti-me mto mais leve....o pior é q a Bá passado umas poucas horas já tem aquele quarto novaamente num caos....

Lisa disse...

lolol
que pancasa ... qd tiveres isso vem cá a casa sim? tenho um quarto, chamado: Quarto das Tralhas
que ias adorar! :P
beijos

Anadosol disse...

Olá Inês!! Também tenho ataques desses mais vezes do que o aconselhado porque quando não consigo fazer aquilo a que me proponho entro em parafuso como se vivesse num caos infinito. Aos olhos dos outros tudo está perfeito, mas para mim, há sapatos que não estão ordenados por cores, cuecas arrumadas por tamanho e feitio, etc...

Gostava de saber se quando tens roupa para dar onde a vais deixar? Estou a tentar descobrir associaçoes que aceitem roupa e que façam bom uso dela. Geralmente dava na AMI em Sintra, mas um dia entrei no armazem deles e nao gostei do que vi. Parece que nao escoam a roupa, tudo cheira a mofo e a biblioteca!

Beijinhos

Anadosol

Umbigo disse...

Anadosol,

normalmente levo as roupas para a Igreja. confesso que não sei o que lhes fazem depois, mas acredito que as distribuam da melhor forma. beijinhos

joana disse...

Sou tal e qual. Adoro fazer essas arrumações e agora ando desejosa de fazer uma dessas... ando só a adiar para aproveitar a mudança de casa, e acho que vai metade fora. Tb deito desenhos, papeis e revistas fora, bonecos do happy meal e dos ovos Kinder, experimento canetas e lapis e roupa e sapatos, etc. E adoro olhar para os sacos cheios de tralha que vão fora. Faço-o com alguma frequência e fico tão, mas tão aliviada.... que a minha cabeça parece outra. Parece que posso finalmente respirar.

E faz-me uma confusão enorme as pessoas que guardam tudo tudinho em casa. Até os papeis dos bilhetes de cinema...

beij
joana

Menina Rabina disse...

Também ando como tu! Num estado psicológico de pancada de arrumação! Um dia destes vai ter mesmo que ser, porque tenho que mudar o Pedro para o quarto dele!
Cá em casa temos é um problema... eu adoro deitar fora e o Filipe adora guardar tudo... mas como sou eu que arrumo...
Beijos e boas arrumações!

Ana Barata disse...

Ó Nica! Podes emprestar-me, fáxavor, esse tem lado que dá umas galhetas? É que me está MESMO a fazer muita falta! e o meu não é tão convincente quanto o teu, o meu lado deixa-andar-amanhã-logo-fazes tem muito mais força! e eu ando cá c'uma neura!