
A consoada foi lá em cima com o meu lado da família e a parte do Pai Natal este ano não correu lá muito bem. Fiz tudo ao contrário do que tinha pregado. Tinha que ser uma aparição subtil mas como foi tão subtil, tão subtil que a Rita não lhe pôs a vista em cima. Então saí porta fora pela rua a chamar o Pai Natal e a pedir-lhe que voltasse. Não sabia é que dentro de casa a Joana estava lavada em lágrimas cheia de medo do Pai Natal.
Quando ele voltou, mostrou-se demasiado e enquanto a Rita vibrava e batia palminhas em êxtase, a Joana chorava baba e ranho a dizer que não queria ver mais. No fim quase nem reagiu ao embrulho deixado para ela com a famosa "Areia que nunca seca". Estava irritada e só dizia que ele era feio, que parecia um senhor mascarado e que a barba dele tinha fios. Ao que o Avô respondeu que era para a barba não voar enquanto ele andava no trenó. Ela disse ainda que estava mais magro e que era mais alto. Pudera, o Pai Natal deste ano devia ter mais 30 cm de altura do que o do ano passado. E ela topa estas coisas todas.
Enfim, um fiasco de todo o tamanho. Até em Lisboa quando se apercebeu que o Pai Natal tinha comido as bolachas que tínhamos deixado e as renas tinham comido as cenouras, a reacção não foi a esperada. Já lhe disse que para o ano na cartinha temos que deixar o P.S. a dizer para ele deixar as prendas mas não aparecer. E se ela ainda acreditar, que custa-me a crer depois de tamanho barrete, é isso mesmo que vai acontecer.
A Rita delirou com o Pai Natal, com os embrulhos, com as prendas, com as bolachas comidas e o leitinho bebido pelo Pai Natal, com tudo. Quando são pequeninos, é tudo muito mais fácil.